Sábado, 21 de Julho de 2007
.Ejaculo a verdade dentro de ti
Liberto-a gotejante
Deixa-a fluir pelas tuas entranhas
Fecundar a dúvida que há em ti
Desflora o teu corpo
Na mentira do meu
Fita-me o olhar
Adormece nele
Vê o que existe para lá dos meus sonhos
[Só tu sabes o que existe para lá dos sonhos].
Segunda-feira, 9 de Julho de 2007
.Beija-me com teus lábios
Adoçados pela morte
Despe-te da tua imortalidade
Apresenta-te na tua cadavérica condição
Olha-me na morte
Sorri-me uma última vez
Mostra-me os restos da criança que te escorrem pelo rosto
Abraça-me pela noite
Agarra-me a alma e sacode a dor
Que a atormenta
Invade-me da tua seiva escarlate
Do teu mundo secreto
Segreda-me ao ouvido
Os segredos da morte
O mistério do amor
Silencia a dor
Afiando-a no meu corpo
Fim consumado no teu corpo
Disparado do ínfimo de mim
Dorme nas cinzas de mim.
Quarta-feira, 6 de Junho de 2007
Dedicado a T.O.R.:
.Farrapos de Lua
Escorreitos pelas curvas de teu corpo
Na tua nudez nocturna
Há um clamor do meu sangue pelo teu
Diálogos de luz e escuridão
De zeros e uns
Nos ângulos da alma
Na faceta íntima de ti
Encontro a revelação, o desejo, a morte ritual
Liberto em ti pedaços gotejantes de mim
Que te invadem
[contornam]
Até acabarem por fazer parte de ti
Quando me olhas
De dentro de mim
E vês para lá da penumbra
? Sorris
Quando me recebes no teu receptáculo lunar
? Sentes-te curada pelo meu sangue
Quando adormeces na escuridão dos meus braços
Ao bater do meu peito
? És feliz
Sexta-feira, 2 de Fevereiro de 2007
.Ciclo
Fim indeterminado no determinismo do princípio
Transformação interna
Sangue que se renova
A cada ciclo teu
Ciclo de morte e nascimento
Que acaba na escuridão em que começa
Le moment de la luna
Mistério de teu corpo
Revelado ante mim
Minha Istar que se rege pela lei lunar
Quando a vida graça no céu
Criemos o amor numa recriação hermética
Num ritual irregular
E angular segundo a geometria lunar
Recriação minha em teu altar
Em teu receptáculo
Morro para depois renascer
Assim queira o ciclo lunar.
música: "Lunar Force" dos Enslaved
Quarta-feira, 31 de Janeiro de 2007
.Despes a roupas
Que escondem a tua pele macia de serpente
Que escondem a profundeza do inferno
A fornalha de fluidos voláteis
A tua língua abraça a minha
Com o seu agrafo de aço inox
A tua saliva invade a minha
Dá-lhe uma tonalidade venenosa
Teu corpo
Extensão de um culto pagão
Onde ritualmente sem ritual
Me transmuto num animal.