Quarta-feira, 27 de Junho de 2007
.Repete o mantra dos medos
Que dá cor aos teus pesadelos
Mata-o, bebe-lhe o sangue
Nasce para a última das tuas noites
[A primeira de muitas]
Despe-te no sabor da noite
Desnuda a alma
Encontra a tua calma
Acorda para ti
Adormece para o mundo
Fecha os olhos
E descobre o abraço que te espera
Assombração de luz
A tocar o teu cristal
O irreal
Estilhaçado no teu coração.
música: "The Ship" dos Swallow the Sun
Quinta-feira, 5 de Abril de 2007
.Nestas ruas por onde ando
Onde explodes sem avisar
Em brilhos de uma cor que não consigo almejar
Numa cor que vislumbro sem poder tocar
Nesta cidade suja
De Cinzento cor betão
Nestas ruas anónimas
Sou mais eu
Mais solidão
Não quero saber para onde vou na minha embriaguez
Não quero saber se é esta a minha vez
Estou onde estive num sonho
Estou dentro do interior de ti
Vesti-te meu anjo
Roço a minha carne em toda a tua
Sou todo dentro de ti
Nesta cidade deserta
Onde me perco para te alcançar.
Segunda-feira, 2 de Abril de 2007
.O vidro de que sou feito está baço
Morre a um ritmo dolente o sangue que me corta as veias
Dói-me o corpo
Tenho comichão por causa da luz
Não encontro solidão que abarque toda a minha falta de esperança
Todas as lágrimas de meu sorriso arrogante
Sou vidro baço
Morte viva
Onde está tua mão para me tocar na morte
Para me provocar a vida.
música: "Fragile" dos Swallow the Sun
Terça-feira, 27 de Março de 2007
.O medo é todo este céu azul que me corta
Que me conforta
Que me sufoca
De uma podre esperança
Tenho medo, vivo para o medo
Da hipótese singular
Vibro com esta minha assombração
Com esta morte com falta de detalhe
Com esta morte distraída
Os olhos estão gastos de tanto azul
De tanta ânsia
Toldam-se perante o chão e as pedras da calçada
Este chão que é tão meu
Que é meu berço/caixão
Espezinhado pela vida
Este chão onde se cospe o veneno que me alimentará
Hipótese catatónica
Letargo matinal
Sou o medo
O degredo que há em mim
Este céu é medo
Que este céu morra em mim.