Negras Saudações,
Regresso, finalmente, aos discos da minha vida. De facto tenho bastantes discos que assim posso designar, só que a falta de tempo e a minha crónica dificuldade em escrever sobre obras de arte que mexem comigo a um nível que dificilmente consigo formalizar tem levado a que os mesmo não tenham figurado por estes lados Para este regresso [que espero seja definitivo] vou escrever sobre um álbum que ironicamente permanece obscuro, espero conseguir explicar porquê...
A primeira vez que um amigo me falou do fenómeno White Metal [ Black Metal com líricas cristãs?!] não deixei de esboçar um sorriso e ficar, simultaneamente, com imensa vontade de ouvir o género [curisiodade mórbida leia-se]. O Black Metal nunca me pareceu a base musical acertada para propagar ou praguejar [decida o leitor] as mensagens cristãs. Além disso, sempre fui apreciador da faceta mais regressiva e crua do Black Metal: desespero, desconforto, dor...Enfim, uma miríade de adjectivos sardónicos e macabros.Na minha pesquisa descobri algumas bandas (sul americanas na sua maioria) que não acrescentavam nada de novo, limitando-se a emular a musicalidade BM e a tentar encaixar na mesma letras que funcionavam como um pólo oposto à música. Durante esses tempos, descobri os noruegueses Antestorque talvez ajudados pela praga BM do seu país de origem conseguiram criar uma antítese crível para a mesma.
Comecei por ouvir musicas dos mesmos no seu myspace, gostei da consistência do som baseado numa onda Dark / Doom Metal que servia de base a uma liturgia em que se condenava o príncipe das trevas.No entanto, não fiquei siderado, mas ao saber que iam lançar um CD que contaria com os préstimos do blasfemo Hellhammer por trás do kit de bateria fiquei de curiosidade aguçada para saber qual o resultado. Foi com este pensamento pecaminoso que me dirigi, aquando do lançamento do álbum, ao meu templode sempre para ouvir e quem sabe comprar... Primeiro contacto, grafismo lindíssimo a evocar de uma maneira inversa os albuns "The Somberlain" e "Storm of the Light's Bane" dos Dissection [mais tarde descobri que o autor era o mesmo]. Uma boa embalagem e o resto?... Eu tenho uma técnica, não raras vezes falível, de escuta que classifica um álbum como boa aquisição pela audição da primiera música. Devo confessar que fiquei impressionado com a desesperada e poderosa " Rites of Death ". Convencido, vim para casa fruir a obra de nome "The Forsaken". Fiquei apaixonado, havia sentido no som deles. Ok, a base é nitidamente o Black Metal sinfónico, no entanto os Antestor conseguiram criar um som próprio que casa na perfeição com o conteúdo cristão das letras, algo que nunca tinha ouvido num lançamento do género. É nesta coerência entre a música e as letras que se destaca a prestação apaixonada e variada do vocalista, os solos (sim, solos !!!) e uma prestação, como não poderia deixar de ser, intensa de Hellhammer. Uma belíssima obra de arte (se conseguirmos despir os condicionalismos), uma bela cartilha para muita banda que joga do lado infernal da coisa.
Com álbuns destes os Antestor jamais serão esquecidos.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.