.Engulo o suspiro
Esta estranha sensação
.Tão bela como ao primeiro olhar
Difractada pela água neste último
Parto, ancorando a ti a minha vida
Talvez nunca ouse partir
Tal como a luz que dorme nas noites de ti.
.Passam horas
Quase te desejo
Encetada por um beijo
Vives algures num gatilho
Cósmico e secular
Salivando pela hora de matar
Invento caminhos
Por onde fujo de encontro a ti
Avenidas cravadas com ruas ortogonais
Unidas numa dolorosa e inútil salva via
Avenidas que percorro
Ruas por onde morro
Até enfim me sentir perdido
Ante a dor de estar vivo.
.Luz que queima
Serena a agrura ácida de mais uma noite perdida
Liquefaz-se a pedra de que sou feito
Assim escorro aos pés da cidade.
.Vislumbro os instantes luminosos da cidade
Do meu trono de deus menor
Encimado pela aridez cósmica do céu
Chovem lâminas
Esbeltas ninfas de prata
Observo e retenho
Uma visão desfocada da morte
Ora convexa
Circunflexa
Ortogonal
No meu púlpito suportado por pequenos nadas
Recebo-me vindo de um céu
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