Segunda-feira, 8 de Janeiro de 2007
.No silêncio
Vagueiam respostas mortas
Vagueia a tua dor
A nossa
Na finitude que tanto querias
Reina uma dor infinita
Dentro da brevidade da vida
A vida não nos pertence
A morte talvez
As lágrimas que choravas
São as nossas agora
A dor que escondias
É agora veladamente nossa
Equação mal resolvida
A da tua vida
A memória tua jamais esquecida
Descansa no teu silêncio de terra
Descansa em paz
Apesar de tudo há algo que não jaz.
música: "Darkness and Hope" dos Moonspell
Domingo, 7 de Janeiro de 2007
Dança princesa de cristal. Dança ante mim. Dança nesta noite, dança na tua finitude de cristal. Dança até ser dia, até o cristal de que és feita se partir em mil bocados. A tua dança é bela e triste, noto que choras lágrimas de líquido cristalino. Aproximo-me de ti toco-te. Tocas-me, agarras-me na mão, que conduzes com delicadeza para o teu peito. Dizes com a voz embargada, para sentir teu coração. Os meus olhos dizem o que não ousei dizer. O seu coração está partido em mil pedaços. Existe um buraco em seu peito. Como é possível alguém amar se não tem coração. Como é possível ler lágrimas em teus olhos, lágrimas de quem se despede pela última vez. O tempo passou.
Não te perguntei nada. Beijei e toquei o teu corpo de cristal com a nudez do meu. Amei com a ânsia de quem sente os momentos como inolvidáveis. Chegou o dia, em mil bocados jazes no céu. À noite consigo ver pedaços teus no céu, parecem estrelas, mas eu sei bem o que são. À noite estou acordado para te ver dançar no céu.
música: "Fragile" dos Swallow the Sun
Sexta-feira, 5 de Janeiro de 2007
.A morte é de poucas palavras
Até pode ser feita de silêncio
Cor de dor
Cor de ódio
Um final de silêncio
É sempre mais confortável
O amor transformado em morte
Numa morte que se escreve morte
Não Morte
Uma subsidiária da Morte
Um inconsistência não fatal
Uma forma de morrer
E de continuar a viver
Até que a Morte se ria da morte
Com seu riso feminino.
.Horizonte de água
A noite
Em meu horizonte de escuridão
Névoa que me toca
Que intersecta meu interior de desespero
Melancolia patética
Morte numa perspectiva estética
Lâminas que me cortam a pele por dentro
Recuso a luz que me querem dar
Na escuridão estou bem
Dói-me a luz
Acaricia-me a ausência desta
Parte incerta de mim apodrece e palpita
A noite é curta para meus gritos mudos
Rio as lágrimas fracas que choro
As lâminas dilaceraram-me mais que a pele
O coração jaz
Mas mesmo assim estou vivo
Coração feito bomba pronta a explodir
Coração fábrica de dor
Já não vives.
.O fim é o silêncio
É ter os olhos humedecidos
É sermos esquecidos
O fim é a dor
De perder quem se ama
É gritar sem ser ouvido
O fim é o momento último
É perder a esperança
Numa mórbida dança
O fim é o momento da verdade
É quando a morte é realidade
No fim choro o que ontem sorria
O fim é sentir a vida vazia.
música: Um qualquer disco dos Swallow the Sun