.Despe a tua pele de veludo
Mostra-me os rios que correm dentro de ti
Brisa suave que se sossega na minha pele
Sonho cristalino a amolecer
As palavras que para sempre perderei
Não há manhã
Sorriso triste esquecido nos lábios de uma criança
Escavo a casca do tempo
Na ilusão de encontrar
Quem sabe a florir pelo lado de dentro
A sede que me está a consumir.
.Quando o vento sossegar
... Deixar de levar as páginas onde tento escrever
Haverei de cinzelar na pedra este negro traço
Receberei a noite com um sentido abraço
Não sei por onde remar
Por onde começar a desfiar este tormento
Mar de memórias tormentosas que me salga carne
Corrói os ossos que sustentam a minha lucidez
Sei [que por fim] te irei encontrar
Nas pedras que nascem da terra
Ossários de destino comum
Sei [que no fim] quando te tocar
O Vento vai inflamar as velas
Que fazem navegar meu coração encalhado
Mortificar [até que enfim] este pescoço de dependurado.
.Quando fechar a porta
Vou surripiar a luz
os cacos se extinguem pelas frestas
Encontro marcado com a escuridão
Eis-me ao balcão
duas partes de fel numa de tranquilidade
Servido por um diabo fiel
Cintilo pela noite
Durante um segundo estroboscópico
Embriagado pelo rumor hipnótico
De uma música que irei esquecer
Doer-me [em tranquilidade]
Plantar nuns versos a verdade
Roer a corda que me segura à realidade.
.Lambo a angústia
no orvalho oferecido pela noite
à frescura retalhada que é a minha pele
.Sopro o pó
às memórias percorridas pelo tempo
Ouço o sal das tuas palavras na maresia
[que] não me sai do olhar
Nas estrelas está escrito tudo aquilo que não te pude dizer
No espaço entre elas o meu quinhão de escuridão
Frondosa é flor do arrependimento
! Escuta
Crânio imenso que me apetece beijar
O medo a sibilar
A vontade a tiritar
Haja Mãe
Haja Ventre
Que aconchegue esta alma cadente.
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