Sexta-feira, 1 de Dezembro de 2006
.Entro dentro de ti
Aproprio-me de ti
Torno-me em ti
Pesquiso o inferno
Num movimento de pescoço
Pesquiso a morte
Num movimento de lâmina
Morro aos bocados
Ao ritmo dos cortes que inflijo
Com uma lâmina ferrugenta
Afinal não quero morrer hoje
Afinal só quero despersonalizar-me numa lâmina
Afinal não preciso de procurar o inferno
Já que este convive em mim
Afinal sou o inferno dentro de mim
Afinal a lâmina não corta mais do que quero
Afinal sou uma lâmina ferrugenta
Afinal sou uma lâmina cortante e ferrugenta
Saio de ti, ensanguentado na memória
Saio da impureza humana de teu ser
Que afinal é igual à minha
Talvez não tenha saído de mim
Talvez seja eu mesmo a lâmina e o inferno.