.Arrasto a minha vida pelas ruas
Pesa-me a cada passo
Solta-se a cada passo
Perdendo-se aos poucos pelos interstícios da calçada
O frio abranda o meu coração
Adormece o meu corpo
Torna-me a respiração pesarosa
Aperto retalhos desfigurados e sujos contra o corpo
Consigo sentir o frio a dormitar em redor da minha pele
Renego os sonhos
Esmago-os num ritual de sobrevivência
Por vezes vislumbro a demência
Entre o espasmo e a intermitência
Acordo com as ruas
Abandono o nada que me resta
Erro por entre a solidão-multidão
Procuro, mato e como os despojos
Regresso ao meu quarto iluminado por estrelas
dormentes.
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