Parece que o meu caro amigo R.P. tem razão, os meus posts estão a ficar cada vez mais românticos. Eu direi mesmo mais romanticamente decadentes. Talvez eu esteja apaixonado, talvez esteja a promover uma história ficcional de paixão e amor de modo a poder fazer parecer a minha vida menos entediante. Talvez esteja a ficcionar e a escrever, parcialmente, a verdade. Para que me estou aqui a justificar se ninguém além de mim lê e lerá estas palavras?
Feitos os avisos lá vai mais um emaranhado de lamechice, amor, sofrimento e autodestruição .
Sigo a linha de sangue que vai até ti, toco-te com a mesma impossibilidade de quem sonha caminhar na lua. Olho-te sem que me vejas na ombreira da porta que não existe, mas que faz parte da efectivação do muro que nos rodeia. Tu olhas-me, sei-o porque me o disseram. Imagino o teu olhar, imagino o que nunca lerei nesse olhar. Sei-me em ti, sei que morro lentamente por dentro, dentro e fora de ti e dentro e fora de mim. Sei-o agora como no início, bordo o teu nome em meus braços fracos. Sim, fracos pois não conseguem mudar um destino certo. Sei que amar-te é recusar formalizar o amor. És tu que me despertas o amor, é a minha mente que me desperta a autoflagelação . Sigo a linha de sangue que escorre dos meus braços, sinto algo a abandonar-me e sei que me abandono de facto ao desespero. Caio numa poça tingida a vermelho (poderia ser de qualquer outra cor), afogo-me na minha réstia de vida, no fluído que bebia o meu amor por ti de meu coração. Esvai-se esse amor, mas continua aprisionado na mortalidade de meu corpo decadente. As feridas saram e eu acordo de um pesadelo redentor, minto de redentor não tem nada. Quem estou eu a enganar? Levanto-me a custo, vou preparar um chá preto, preto como a cor de que é feita a minha desolação. Bebo um trago, regresso à vida sem que nunca a tenha abandonado. Bebo mais um e outro e esqueço o inferno. Estou pronto para mais uma de uma finitude de crises. Estou pronto para encarar o inferno de te amar.