Em variadíssimas ocasiões surge a questão: qual o disco da tua [minha vida]? Confesso que esta questão tem no meu caso uma resposta em constante mutação. No entanto, o disco em epígrafe muitas vezes me ocorre como resposta à sacramental questão.
Se há algo que considero essencial num disco fora de norma é um alinhamento e, mais do que isso, uma estrutura interna que consiga potenciar as músicas e fazer as mesmas valer como um todo cujo o resultado da soma é maior que a adição das mesmas. O início do álbum é um autêntico vulcão de magma metálico, que se vai transmutando até se tornar numa névoa reflexiva e perturbadoramente duradoura.
A poesia em minha opinião não deve ser um mero adorno da música mas o recheio, o âmago e catalisador da música. Neste caso em particular são nos servidos poemas que afloram com inteligência, erudição e intensidade temáticas que passam pela metafísica, mitologia, morte, filosofia e mitologia.
Estamos perante uma obra que apesar de profundamente humana e humanista [passe o aparente pleonasmo] consegue remeter-nos para um estado de consciência que augura o divino, mas que ao mesmo tempo nos faz sentir até ao osso a finitude que somos feitos.
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