Domingo, 14 de Setembro de 2008

No final da tua vida translúcida

.No final da tua vida translúcida

Numa nudez crua a cheirar a vísceras

Escondes o medo

Enterrando-o num fotograma de cadáveres de ti

 

Medo nos olhos certeiros e resolvidos de um velho

Embevecidos pelo soro quente da amargura

Diluída esperança negada com candura

 

Coluna vertebral estacada nalgum jardim

Despida de qualquer fruto resoluto

 

Membranas doces e mastigáveis

Engolidas entre tragos ásperos de vida

Nos terríveis ângulos agudos

Percorridos na tua dança ungida

Da qual recordarei para sempre o vermelho ferido desenhado pelos teus pés

 

Dos cemitérios vítreos por baixo dos nossos pés

Nascem cidades feitas do sal que se desprende dos ossos

Cristal doce que eterniza a beleza de uma ferida

 

Escutei as tuas histórias de desespero

Lá dentro encontrei as minhas

Como um só ressoamos pelas entranhas sujas de uma garrafa

O vapor calou-se e nunca mais te encontrarei

 

No teu pedaço ínfame de céu

Pulsa com a devida lentidão um abismo

Que invejo e toco sempre que te beijo

 

Quero todas as tuas dores

A faiscar num circuito fechado

Uma dor que me queime a partir de dentro de mim.

Quero aspas orientadas segundo um ângulo favorável

Com uma fúria repetida a cravarem-se no sentido estrito do meu coração

 

Eis o teu medo

Pós-êxtase, degredo, folhas caídas e Novembro.

 

música: "The Sinking Belle (Blue Sheep)" dos SunnO))) & Boris

publicado por Buraco Negro às 00:21
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