.Musa eléctrica
Em pose tétrica
Céu flamejante
Que sorves delirante
Face Lunar
Fome de matar
Na falta da inspiração
Resta a mutilação
Ossos ao rubro
Incendeiam a carne
[Incineram o espírito]
Todo eu estremeço
Num sono inconstante
Numa loucura de quebradiços esteios
Invoco-te em soluços
De onde nascem chispas de sangue
Sangue venal
Tempestade intelectual
Tu serena estática
Fervente e dramática
Caixas com imagens
Caixas grávidas de caixas
Estendidas ao longo do cume do fim
Violentadas em acessos de loucura
Ardem casas
Crematório improvisado
Onde ardem pessoas
Até serem pó
Espalhado pelo universo
Sepultado pelas chuvas gravíticas
Irrompo por paredes
Pleura cerebral
Rasgadas a punhal
Numa loucura que perdura
Que estremece
Morrem as estrelas
Que gemiam outrora
Em orgasmos sardónicos
A constante cosmológica
Sofre de arrepios trémulos
Um séquito de legiões por debaixo da pele
Uma guerra interna e interestelar
Quero uma memória minha que possa moldar
Esculpir a cinzel num papel
Ruas sujas
Estradas devastadas
Prelúdios à solidão
Águas agitadas
Que me bebem
Num ofício triste
Rios distantes e odes a Novembro.
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