Terça-feira, 29 de Julho de 2008

Musa Eléctrica

.Musa eléctrica

Em pose tétrica


Céu flamejante

Que sorves delirante

Face Lunar

Fome de matar


Na falta da inspiração

Resta a mutilação

Ossos ao rubro

Incendeiam a carne

[Incineram o espírito]


Todo eu estremeço

Num sono inconstante

Numa loucura de quebradiços esteios


Invoco-te em soluços

De onde nascem chispas de sangue

Sangue venal

Tempestade intelectual


Tu serena estática

Fervente e dramática


Caixas com imagens

Caixas grávidas de caixas

Estendidas ao longo do cume do fim

Violentadas em acessos de loucura


Ardem casas

Crematório improvisado

Onde ardem pessoas

Até serem pó

Espalhado pelo universo

Sepultado pelas chuvas gravíticas


Irrompo por paredes

Pleura cerebral

Rasgadas a punhal

Numa loucura que perdura

Que estremece


Morrem as estrelas

Que gemiam outrora

Em orgasmos sardónicos


A constante cosmológica

Sofre de arrepios trémulos

Um séquito de legiões por debaixo da pele

Uma guerra interna e interestelar

Quero uma memória minha que possa moldar

Esculpir a cinzel num papel


Ruas sujas

Estradas devastadas

Prelúdios à solidão


Águas agitadas

Que me bebem

Num ofício triste


Rios distantes e odes a Novembro.

 


publicado por Buraco Negro às 22:04
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o Buraco


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