.Descalças os pés
Pisa as folhas que o Outono adormeceu
Num sono frio
Céu sulcado por estalactites afiadas
Que derretes com o teu êxtase de arcanjo flamejante
Chove dentro e fora de ti
Um lago perpétuo
Encosto a pele aos ossos
Deixando apenas um interstício que me impede de roçar a morte
Brota a alma do resto de mim
Desço do corpo ao céu
De encontro ao lugar último de ti
Numa chuva com gotas quentes e salgadas
Que brotam do que resta de mim
Rumo ao inferno do fim
Até encontrar a tua pele
No caminho que os ventos telúricos semeiam até ti
Tu
Aquela que o tempo não conseguiu profanar
Que com as lágrimas estou a abraçar.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.