.Os céus, os milhares de céus que a ti se sobrepõe
Supra-situado corre um rio de sangue cósmico
Repositório de energias brutais capazes de te ferver o teu sangue
Imagina o sangue fervente a queimar-te por dentro adentro
Animado pelo coração dolente
Corre em ti o fogo que te consumirá a carne fraca e o mais sólido dos ossos
Existe uma fornalha em ti, alimentada e comandada durante instantes-luz
Nos silêncios que ousas ouves o rastejar da luz pelas frestas das portas do teu universo alternativo
Tomas algo, que nem sabes o quê, como perdido
Perscrutas o buraco negro que há em ti
[Para o caso de não existir inventas astutamente um]
Percebes como a vida pode ser vã e curvilínea
Como pode descrever circunferências que seguem o rasto de um qualquer abismo
Numa espiral que começa e acaba num inferno
[Algures entre uma miríade de infernos inventados, resta um mais sublime e perene]
Canto soltado pelo bailado das estrelas
Ignorado pelos teus ouvidos mas consolador para os outros sentidos
Sente e quase o podes ouvir
Sente-o e quase podes sorrir
Morres e continuará a existir
Abre as asas e sente o bulir dos ventos remotos gemendo pelos perfis alados
Voa para lá de ti e sonha
Sonhos que só tu podes sonhar
Que fluem e findam em ti e para ti
Ensaia a esperança com alguma fluidez
Em sentido estrito, em sentido lato
Fá-la rimar com algo abstracto
Mas agarra-la
[Com a tua mão abstracta]
Assim terás o substrato da esperança
Destila-o à custa do suor que te cruza a epiderme
Eis as tuas asas
Nascidas da mais pura Alquimia antropomórfica.
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