.As luzes da cidade
Deturpam a dura mater da noite
Confundem-me os sentidos e deturpam-me os desejos
Linda na sua decadência cosmopolita
Feita de rostos, de chagas e suores devolutos
No entanto, desejo a cidade vazia
Tecnicamente morta
Desejo as vielas da solidão
Abrigar-me da réstia de luz emanada por candeeiros dormentes
Uma réstia furtada ao fundo de uma garrafa de absinto
? Porque sofro, porque é que me sinto
? Porque me afogo no dealbar do pensamento
Subo a escadaria húmida operando um retrocesso
Faço do percurso um singular processo
Uma desculpa protocolar
Repito-me pelos gestos e pelos pensamentos
Olho-te com geada no olhar
Percorro-te antes de te abandonar
Para sempre contida em mim
Na serena consolação daquele olhar.
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