Quarta-feira, 17 de Abril de 2019

Mater

.Eis-me a desaguar

A verter o teu último olhar

Contigo algures a cintilar

 

Cinzas

A pulsar no céu

Inocente fogo que nasce para cessar

 

Procuro-te, perdendo-me nas ruas desta cidade

Quero o teu útimo olhar

A mentira ou a verdade 

Algo que me faça serenar

Não quero ver o alvorecer da fealdade

 

Como arde

A borboleta que me consome 

Como é doce

O sabor do mel a definhar

 

A tua mão outrora foi minha 

Estou só nesta viagem

Calor que ora aquece ora definha

 

Ritmado, dolente e  resignado

Apenas a dor quero fruir 

Engolir um cardo espinhoso a florir.


publicado por Buraco Negro às 01:25
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Segunda-feira, 20 de Novembro de 2017

E

.Quando o sol se põe

Fecho os olhos para te encontrar

Escorrer até desaguar talvez no teu olhar 

 

O sal que perdura

O sal que abre as feridas 

Que as carcome e enche de luz e memórias

 

Rosa-dos-ventos sanguinária e afiada 

Que abre caminho através pela carne rumo aos ossos 

Às pedras que nos compõe

 

Sobre ti repousa um véu de cinza sepulcral

Brota do chão uma frondosa rosa bordada pela solidão.


publicado por Buraco Negro às 00:04
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Segunda-feira, 27 de Março de 2017

W

.Saudade

Sol escorre até se abrigar nas agruras do mar

 

Um gesto tingido por agonia

Uma lágrima banhada pelo sol esparso

Uma lâmina apontada aos primórdios da dor

 

Nada mais ser que a cinza que perdura entre as estrelas 

O pó que banha a imensidão

Solidão 

 

Acordar

Erguer-me para cair outra vez

Mostra-me tudo o tens no teu olhar

Da doçura da candura

Ao sal que perdura.


publicado por Buraco Negro às 20:18
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Quinta-feira, 7 de Julho de 2016

S

.Sal que me percorre as veias

Rumo ao sul

S

Coração que bate pesaroso

Salgado

Mar temperado

Com mágoas

Crispado e revolto até ao fim

S

Pobre e frágil a barca

Que me serve de caixão

Suspenso

Atordoado

Num éter-salvação

S

Sal que transformas numa chaga

Este meu corpo degradado

S

Embala-me

Com a serenidade que precede uma tempestade

Devolve-me

Perene a florir liberdade.


publicado por Buraco Negro às 17:59
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Quarta-feira, 23 de Março de 2016

N

.Outrora

N

Escorrem os dias

Desde que perdi o Norte

Corre um rio dentro de mim

Revolto e crispado

Onde perduram diluídos numa massa infinda

Os restos de mim

N

Recordo-me

Ergo pensamentos

Que se esvanecem dentro de mim

Luto, ergo-me e agito-me

Rio desgovernado que jaz na foz

N

Sento-me

Penso e recordo

A pureza translúcida dos olhos da minha Mãe.


publicado por Buraco Negro às 20:44
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