Quarta-feira, 20 de Julho de 2022

Carne

. Esta noite, só esta noite 

Vou regressar aos restos de ti

Fecho os olhos e consigo

Cheirar o verde esmeralda

 

Arrumar o caos que há em mim

Soprar o pó que me preenche as entranhas

 

Escuto a alva música que esqueci

Como tenho estado absorto

Estático, amnésico e morto

 

Memórias que esqueci

De cegueira anos padeci

Frio e sozinho

Perdido sem achar caminho

 

Longe de mim

Mal consigo respirar

Nesta prisão 

Nestas paredes sem significado

 

Piso a terra húmida 

Respiro a inocência da alvorada

Fenece por fim a carne conspurcada. 


publicado por Buraco Negro às 01:37
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Quarta-feira, 17 de Abril de 2019

Mater

.Eis-me a desaguar

A verter o teu último olhar

Contigo algures a cintilar

 

Cinzas

A pulsar no céu

Inocente fogo que nasce para cessar

 

Procuro-te, perdendo-me nas ruas desta cidade

Quero o teu útimo olhar

A mentira ou a verdade 

Algo que me faça serenar

Não quero ver o alvorecer da fealdade

 

Como arde

A borboleta que me consome 

Como é doce

O sabor do mel a definhar

 

A tua mão outrora foi minha 

Estou só nesta viagem

Calor que ora aquece ora definha

 

Ritmado, dolente e  resignado

Apenas a dor quero fruir 

Engolir um cardo espinhoso a florir.


publicado por Buraco Negro às 01:25
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Segunda-feira, 20 de Novembro de 2017

E

.Quando o sol se põe

Fecho os olhos para te encontrar

Escorrer até desaguar talvez no teu olhar 

 

O sal que perdura

O sal que abre as feridas 

Que as carcome e enche de luz e memórias

 

Rosa-dos-ventos sanguinária e afiada 

Que abre caminho através pela carne rumo aos ossos 

Às pedras que nos compõe

 

Sobre ti repousa um véu de cinza sepulcral

Brota do chão uma frondosa rosa bordada pela solidão.


publicado por Buraco Negro às 00:04
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Segunda-feira, 27 de Março de 2017

W

.Saudade

Sol escorre até se abrigar nas agruras do mar

 

Um gesto tingido por agonia

Uma lágrima banhada pelo sol esparso

Uma lâmina apontada aos primórdios da dor

 

Nada mais ser que a cinza que perdura entre as estrelas 

O pó que banha a imensidão

Solidão 

 

Acordar

Erguer-me para cair outra vez

Mostra-me tudo o tens no teu olhar

Da doçura da candura

Ao sal que perdura.


publicado por Buraco Negro às 20:18
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Quinta-feira, 7 de Julho de 2016

S

.Sal que me percorre as veias

Rumo ao sul

S

Coração que bate pesaroso

Salgado

Mar temperado

Com mágoas

Crispado e revolto até ao fim

S

Pobre e frágil a barca

Que me serve de caixão

Suspenso

Atordoado

Num éter-salvação

S

Sal que transformas numa chaga

Este meu corpo degradado

S

Embala-me

Com a serenidade que precede uma tempestade

Devolve-me

Perene a florir liberdade.


publicado por Buraco Negro às 17:59
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