Sexta-feira, 29 de Junho de 2007
.Adormece as tuas mágoas pela noite
Acorda delicada
Serenada pela Lua
Surpreendida pelas estrelas.
Abriga a dor na noite
Pela noite carpe
As lágrimas que te escorrem do peito
Na forma de sangue
Que
...
Te viajam pela alma
...
Te Roçam a carne
O sangue toca-te os olhos
Transmuta-se em água cristalina
Chove do Outono de teus olhos
Ouve a voz da noite
[A voz na noite]
Abraça-a
Deixa que ela te limpe as lágrimas
Toma-a no teu pedaço de cristal.
música: "She Dies" dos Draconian
Quarta-feira, 27 de Junho de 2007
Inspirado numa conversa com o meu querido amigo Daemonium, por isso em parte da sua autoria:
.Hoje apetece-me a morte
[em figurada agonia]
[em erótico esplendor]
Hoje agrada-me a dor
Faca enferrujada
Que precisa de ser afiada
A cortar as amarras que me ligam à vida
Veneno
Medo e arrepiar de espinha
Que me enegrecem os dias
E tiram esplendor às noites
Silêncio
Solidão que me esmaga a traqueia
E me impede de receber o sopro da vida
Livros desfolhados
Lâminas cobertas de sangue seco
Palavras abertas pela dor
Esperança
A aguardada bonança de amanhã.
Domingo, 28 de Janeiro de 2007
.Espinhos a espetarem-me a carne
Dor na ausência de tua face
Face que encontro aqui
Acolá
Na noite
Num bar
Na distância
Num terror alcoólico vi-te
Bela com cara de anjo
Tenho braços curtos para te abraçar
Tenho amor que chegue para te condenar
Numa noite
Nas noites
Para sempre
Choro o veneno que bebo
Aquele que te dei a beber
Regresso ao inferno
Não estás
Para me abraçar
Para me condenar
Cura-me
No seio de tuas entranhas
Na fluida arte de amar
Envenena-me
Leva-me ao sul.
Sexta-feira, 26 de Janeiro de 2007
.Sei ler em meu olhar
Que chegou o fim
Sei que nunca te vou poder tocar
Porque há morte e mais morte entre nós
Uma morte de recorte peculiar
Feita de distâncias
De ânsias
De fantasmas outonais
Sentir-te e não te poder tocar
Sentir que o amor não chega
Para mudar o mundo
Para te provar não sei o quê
És feliz
Serás feliz
Pergunta ou afirmação
Cósmica maldição
Acreditas nos meus olhos
Naqueles que te recusas a fitar
Acreditas nas minhas palavras
Na sua verdade subliminar
Acreditas
Tens esperança
Eu não
A esperança é uma medida do fracasso
Tens medo
Sofres
Eu não
Eu não tenho coração
O coração está num caixão
Acabei de o enterrar
Não te consigo odiar
Talvez seja maldição amar
Amei-te fatalmente
Amei-te de uma maneira que não se deve amar
Isso não chega
Sabes
O amor é uma treta
Este poema é presunçoso
É ridículo e sem qualidade
Quando o amor não chega
Para te mudar
Como poderá mudar o mundo.
Quinta-feira, 11 de Janeiro de 2007
.Luz que finda
Luz que escorre pela noite dentro
Ausência de luz
Que ilumina o que era velado
Que escurece a dor que há em mim
Escuridão
Feita tonalidade da dor
Escuridão que irrompe pelo meu rosto
Danação e fatalismo
Tristeza tua tornada minha
Lágrimas tuas a correrem-me pelo sangue
Soluços teus a ecoarem sobre os gritos da noite
Caminhos ínvios do sofrimento
Que eu percorro contigo
Próximos na dor
Naquela dor que rima com amor.