Sábado, 27 de Outubro de 2007

Discos da minha vida: "Saturday Night Wrist" dos Deftones

     Qualquer álbum dos Deftones a partir do cerebral White Pony (incluindo este) poderia figurar nas próximas linhas. Este último registo do colectivo norte-americano é a prova cabal, quanto a mim, da injustiça de que foram alvo ao terem sido colados a um fenómeno produtor de algumas das maiores aberrações musicas de que há memória. Nesse meio sempre vi estes gajos como uma espécie de David Lynch ao invés das banalidades sucedâneas e comparáveis aquelas produções cinematográficas de cariz comercial e pedante. Porquê? A isso tentarei responder no ulterior parágrafo.

     A música dos Deftones é portadora de uma violência sensual e de uma dualidade algures entre o histerismo mais gritante e profunda depressão. Chino Moreno o vocalista e , também agora guitarrista, é um performer com um estilo muito próprio e talvez odiável, mas que a mim me arrepia e leva para estados mais além, se bem me compreendem. Da berraria juvenil à melancolia lancinante, assim é o espectro de personagens que compõe o espectro vocal do Chino.

     Musicalmente, as boas referências estão lá: Sepultura, Pantera, mas também The Cure e Depeche Mode. É verdade! Têm mais tempo de actividade que os Korn de quem os consideraram seguidores?!  

     Particularizando, este disco é fruto de tempos conturbados para a banda, zangas, divórcios, abusos de drogas, produtores chateados, etc. O disco não desmente nada do que se afirmou, berra-o, acalma-o, expurga-o e chora-o num silêncio estridente, … Desde a revoltada Hole in the Earth, passando pela comovente despedida que é Xerces, acabando num encontro com um peculiar personagem feminino. Belo, frágil, maravilhoso, cortante, sei lá...

Maravilhem-se!

 

música: Xerces dos Deftones
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publicado por Buraco Negro às 16:52
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Quinta-feira, 25 de Outubro de 2007

Incógnito

.Incógnito

Havido de noite

Para te sonhar

Para te encontrar para lá dos meus braços

 

Um frio cadavérico

Como melhor definição de mim

 

Um sorriso tétrico na cor dos teus lábios

Gemem as carnes

 

Procuro fazer disto arte

Encontrar tino nesta maldita sorte

Fortuna oportuna e de fino recorte

 

Grita

Morre da mesma maneira leda que eu

 

Erra pelas noites

Perdida em encruzilhadas estáticas

Chora as tuas lágrimas dramáticas

Consome-te como eu

 

Flutuas por vapores etílicos

Com que adormeço o sangue

Sem coragem para o sufocar

Para o canto da morte fazer ressoar.


publicado por Buraco Negro às 00:10
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Quinta-feira, 18 de Outubro de 2007

Discos da minha vida: "Renounce" dos Process of Guilt

     Após meses de interregno, por preguiça mental minha, regresso a esta espécie de cantinho que reservo no blogue para escrever algumas palavras acerca de música.

     Desta feita, vou tecer alguns comentários ao primeiro álbum dos Process of Guilt [PoG] de seu nome Renounce. Ouvi-os pela primeira vez no Myspace após ter lido um artigo sobre os mesmos. Fiquei apaixonado por uma música desse mesmo álbum de seu nome becoming light, nome que tão bem define a banda…

     Musicalmente, podem definir-se como uma banda de Doom Metal com som moderno, algo a que se convencionou chamar post-Doom. Em algumas palavras pode definir-se o som como arrastado, lento, melancólico e norteado por explosões seguidas por momentos de acalmia e vice-versa. Assim são, em parcas palavras, as 7 faixas que nos povoam de uma escuridão que comporta e admite a luz. É uma experiência deliciosa ouvir este disco na penumbra, na reflexão, pelas noites dentro. As letras são o reflexo da música, um jogo entre espasmos de luz grunhidos na mais eterna escuridão.

     Um disco, uma recordação de momentos menos clarividentes da minha vida. Uma obra de arte ascética, que serviu e serve de catarse.Um disco fácil? Não de todo, é doloroso e exige carinho e dedicação, mas o que se consegue na vida sem sofrimento?

MARAVILHOSO!

música: Todas de "Renounce" dos Process of Guilt
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publicado por Buraco Negro às 21:59
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Quarta-feira, 17 de Outubro de 2007

Feridas Egocêntricas

.Feridas Egocêntricas

Sulcadas entre a alma e a carne

Temperadas por lágrimas

 

Lâminas tornadas arados

Lavrando na pele

Repositórios de sementes

Que criam raízes

 

A brutal força

Erroneamente despontará

Pelos confins de mim

Crescei e envenenai-me.


publicado por Buraco Negro às 18:30
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Quinta-feira, 11 de Outubro de 2007

Colosso

.Os gigantes alimentam-te o sono

Abissais montes são a proa

Que navega por vendavais soprados por sonhos

 

Os colossos que são as tuas mãos

Talhadas da pedra

Embrutecidas na guerra

 

Supremo

Ainda assim vassalo

Prostrado nas margens do Letes

 

Lágrimas

O único sinal de vida

Que palpita nos teus escombros

 

Ruína e derrota

Verte a tua humana sapiência

Adormece com ciência

 

Cume transformado em abismo

O Nada

Como última  máscara da vida.

música: "God to the godless" dos Primordial

publicado por Buraco Negro às 18:11
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o Buraco


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